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Uma análise bíblica sobre corpo, alma e espírito

  • Foto do escritor: LUCIANA MELO
    LUCIANA MELO
  • 25 de out.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 7 de nov.

Durante muito tempo, cristãos ouviram que o ser humano é composto por três partes: corpo, alma e espírito. Essa visão, conhecida como tricotomia, ganhou força especialmente no século XX em círculos pentecostais e neopentecostais. Mas será que essa é a visão bíblica e histórica da Igreja?


Neste artigo, vamos entender o que as Escrituras realmente ensinam sobre a constituição do ser humano, e por que a tradição reformada e a maioria dos pais da Igreja defendem a chamada dicotomia.


O que é dicotomia?


A dicotomia é a visão de que o ser humano é formado por duas partes essenciais:

- Corpo físico – o aspecto material da existência.

- Alma/Espírito – a parte imaterial e eterna.


Na Bíblia, as palavras alma (hebraico nephesh, grego psuchê) e espírito (hebraico ruach, grego pneuma) muitas vezes aparecem como sinônimos, intercambiáveis.

Por exemplo:

- Lucas 1:46-47: “Minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.”

- Hebreus 12:23 fala dos “espíritos dos justos aperfeiçoados”, enquanto em outras passagens fala da alma indo para a presença de Deus (Apocalipse 6:9).


A tricotomia é bíblica?


O texto mais usado para defender a tricotomia é 1 Tessalonicenses 5:23: “E o próprio Deus da paz os santifique completamente. Que todo o espírito, a alma e o corpo de vocês sejam conservados irrepreensíveis...”

Mas, assim como Deuteronômio 6:5 fala de amar a Deus com “coração, alma e forças”, o objetivo é reforçar a totalidade do ser, e não estabelecer uma divisão ontológica rígida.


Teólogos como Louis Berkhof, Wayne Grudem, John Murray e Herman Bavinck apontam que a tricotomia não encontra base sólida na exegese bíblica e que surgiu mais da influência da filosofia grega do que da revelação das Escrituras.


Qual o perigo da tricotomia?


Além de não ser fundamentada biblicamente, a tricotomia pode gerar problemas teológicos sérios, como:

- A ideia de que o “espírito” do cristão é perfeito, mas sua alma ainda precisa ser “disciplinada” ou “liberta” em processos subjetivos.

- Isso abre margem para doutrinas como a “batalha espiritual”, que desloca o foco da suficiência da cruz de Cristo para experiências subjetivas e sérias distorções teológicas.


A tradição da Igreja

A Igreja primitiva (pais como Agostinho, Irineu, Tertuliano) e os reformadores (Calvino, Lutero, Turretin) adotaram majoritariamente a visão dicotômica.

João Calvino, por exemplo, nas Institutas da Religião Cristã, trata alma e espírito como expressões da mesma realidade, uma tradição que se manteve entre os teólogos reformados ao longo dos séculos.


Conclusão


A visão dicotômica é:

- Mais coerente com a Bíblia como um todo.

- Mais fiel à tradição histórica da Igreja.

- Mais segura teologicamente, sem abrir margem para misticismos modernos.


Ainda que muitos cristãos sinceros creiam na tricotomia, é importante ensinar com humildade, fidelidade e clareza, apontando para o fundamento sólido das Escrituras.


“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.” (João 17:17)


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